Distribuidoras de medicamentos de especialidades cobram mais flexibilidade das farmacêuticas na concessão de prazos
As distribuidoras da ABRADIMEX, associação que representa 15 empresas com foco em medicamentos de especialidades, alertam para o risco de desabastecimento. Segundo a entidade, isso pode ocorrer caso não haja um entendimento com a indústria farmacêutica na concessão de prazos de pagamentos.
A associação informa que os laboratórios estipulam, em média, 42 dias para a quitação da fatura. Já os hospitais costumam liberar o pagamento após 75 dias, com a possibilidade de extensão do período conforme a duração do estoque. Essa diferença acaba recaindo sobre as distribuidoras, que acabam por “financiar” essa operação com caixa próprio durante 100 dias, em média.
“Trata-se de uma dinâmica de mercado iniciada pelas operadoras de planos de saúde, que, para melhorarem o fluxo de caixa, estenderam o prazo de pagamento aos hospitais. Por outro lado, os hospitais, com as margens apertadas, fizeram o mesmo movimento com seus fornecedores”, explica Paulo Maia, presidente executivo da ABRADIMEX.
Ainda de acordo com Maia, para não deixar o paciente desassistido, a solução encontrada pelas distribuidoras tem sido custear essa defasagem. “Mas alertamos que não temos muito fôlego para sustentar esse mecanismo por muito tempo, incorrendo no risco de não conseguirmos atender o pedido de um hospital”, acrescenta.
A ABRADIMEX vem procurando abrir frentes de diálogo com as farmacêuticas, sobretudo as multinacionais. Mas, em função de imposições das matrizes, essas companhias são as menos flexíveis. Há dois caminhos possíveis para minimizar o problema – o aumento do limite de pagamento à indústria para 90 dias ou mais facilidade de acesso a descontos para ampliar as margens.
Distribuidoras da ABRADIMEX sob pressão dos custos
Os medicamentos de especialidades, que formam o chamado mercado non-retail, movimentaram em torno de R$ 62 bilhões no ano passado. As distribuidoras integrantes da ABRADIMEX respondem por metade desse montante. No entanto, as despesas e os níveis de exigência operacional aumentaram na mesma proporção.
“Com as farmacêuticas alocando mais esforços para pesquisa e desenvolvimento, nosso segmento assumiu tarefas adicionais na prestação de serviços, inclusive no ambiente intra-hospitalar. Em paralelo, o canal hospitalar não vem demonstrando fôlego financeiro, principalmente após a pandemia”, contextualiza Marcos Marques, presidente do conselho da associação.
O custo do frete revela outro gargalo. O Sindusfarma, inclusive, estima que os gastos envolvidos nesse processo encareceram até 50% com a adequação obrigatória à RDC 653. A resolução da Anvisa entrou definitivamente em vigor em março de 2024 e dispõe sobre o transporte de medicamentos refrigerados e sujeitos a controle de temperatura.
“A complexidade que cerca esses fármacos impõe o uso majoritário do frete aéreo, ainda mais caro. E também convivemos com o aumento da concorrência. Hoje, o caminhão que operadoras logísticas e transportadoras utilizam para distribuir carga seca, atendendo demandas dos e-commerces, é o mesmo disponibilizado para o setor farmacêutico”, ressalta Marques.
Fonte: Panorama farmaceutico
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